A ciência do feminismo
O feminismo pode estar na iminência de ser aceitável, contudo ainda é visto com ressalvas pela ciência. O pensamento comum é que o feminismo está muito bem inserido nos estudos de gênero, portanto deve ser mantido com distância pela ciência, mesmo listados as referências políticas sobre como as mulheres, os homens e o mundo devem lidar com a distorção das evidências científicas com o que realmente acontece, é o que garantem pesquisadores da The Lancet.
Enquanto no final do século 19, as primeiras feministas lutaram pelo acesso completo à educação superior, aí médicos do sexo masculino distintos afirmavam
que as mulheres estudarem em idade reprodutiva iria ser muito difícil, já que
o desvio de energia do complexo sistema reprodutivo feminino para o cérebro levaria a uma distorção da personagem feminina adequada, saúde pobre, infertilidade, loucura,
e até mesmo a morte. Em resposta, médicas indicaram a surpreendente capacidade das mulheres de, ao mesmo tempo,menstruarem, obterem um diploma universitário e permanecerem vivas.
E foi, é claro, o cérebro das mulheres, considerado pelos neurocientistas pequeno comparado ao masculino e inadequado para trazer grandes contribuições intelectuais para a ciência que trouxe essa bolha de consenso, que levou a 4 temas estudados na ciência feminista:
- O tamanho menor do cérebro feminino não garante superioridade de inteligência, combatendo os esteriótipos, inclusive de que as mulheres são mais emocionais e por isso sofrem mais de depressão e ansiedade
- Combater a ideia de enfermidade da menstruação e a ideia de que o corpo feminino não é saudável, colocando-o, durante muitos anos, à margem dos estudos científicos.
- cuidadosa atenção para reivindicações de diferenças categóricas entre os sexos, supostamente imutáveis e enraizados na biologia. Por exemplo, a questão de saber se os conceitos do “cérebro masculino” e o “cérebro feminino” devem ser mantidos está sob desafio. Os dados em animais mostram que os efeitos de sexo no cérebro, enquanto real e importante para estudar, não são nem binários nem polarizados.
- Trazer a importância do ponto de vista, e, portanto, da diversidade para a ciência. O argumento da ciência feminista não é que há um caminho “feminino” único, universal, ou superior de pensar ou fazer ciência.
É que tanto a ciência e a sociedade se beneficiam quando a comunidade científica inclui perspectivas sociais e políticas que foram historicamente excluídas.
Supor que as experiências, crenças e perspectivas sociopolíticas de um cientista não têm a impacto nos temas que ele escolhe para investigar, ao lançar hipóteses que vêm à mente, é escolher ignorar o que a filosofia da ciência nos diz sobre como a ciência funciona.
“Igualdade de gênero não é questão de justiça e direitos, mas é crucial para promovermos melhora da pesquisa científica, trazendo benefício no cuidado aos pacientes. Se os caminhos da ciência, medicina e saúde global têm esperança em melhorar a vida do ser humano, eles precisam ser representativos às sociedades que servem. A luta pela igualdade/equidade de gênero é responsabilidade de todos, o que significa que o feminismo também é para todos, homens e mulheres, pesquisadores, clínicos, líderes de instituições e até revistas médicas” The Lancet