Transtorno de Personalidade Evitativa.
O Transtorno de Personalidade Evitativa tem prevalência de 2,4% da população mundial é um transtorno de personalidade caracterizado por um padrão predominante de inibição social, sentimentos de incapacidade, sensitividade extrema a críticas ou repreensões, e uma tendência à solidão ou isolamento. Pessoas que apresentam o transtorno de personalidade esquiva vêem a si mesmas como socialmente ineptas e não atraentes e evitam contato social por medo de serem ridicularizadas, humilhadas ou desprezadas. Os pacientes, tipicamente, mostram-se solitários e relatam o sentimento de distanciamento da sociedade.
É definido como: “um padrão invasivo de inibição social, sentimentos de inadequação, e hipersensitividade a críticas, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos”. Um diagnóstico desse transtorno requer quatro dos sete critérios listados no DSM:
- Evitação de contatos sociais que envolvam um significante contato interpessoal, por medo de críticas, desaprovações ou rejeições.
- Só se envolve com pessoas quando tem certeza de que gostarão dele.
- Apresenta certo bloqueio nas relações íntimas por medo de ser envergonhado ou humilhado.
- É extremamente preocupado com críticas ou em ser rejeitado em situações sociais.
- É inibido em novas situações interpessoais por sentimentos de inadequação.
- Vê a si mesmo como socialmente inepto, sem características atraentes.
- É usualmente relutante em tomar riscos ou em engajar-se em novas atividades porque elas podem se tornar embaraçosas.
O comportamento costuma iniciar na infância pré-verbal ou verbal por meio de timidez, isolamento e medo de estranhos e de novas situações. Existem evidencias de piora na adolescência e início da fase adulta e com o passar dos anos, tende a ficar menos evidente ou sofrer remissão com o envelhecimento.
Esse diagnóstico deve ser usado com muita cautela em crianças e adolescentes, para os quais a timidez e evitarão podem ser adequadas do ponto de vista do desenvolvimento.
O tratamento envolve psicoterapia cognitivo-comportamental e terapia analítico-comportamental, para desenvolver estratégias de enfrentamento dos sintomas. Geralmente, é necessário o uso de psicofármacos e suporte social de familiares e pessoas próximas. Esses indivíduos podem ficar relativamente isolados e em geral não apresentam uma grande rede de apoio social capaz de auxiliar nas crises. Desejam afeição e aceitação e podem fantasiar relacionamentos idealizados com outros. Os comportamentos de evitarão podem afetar adversamente o funcionamento profissional, pois tentam evitar situações sociais que podem ser importantes para as demandas básicas do trabalho ou os avanços da profissão.
Por Gisele Serpa, psiquiatra