Síndrome de Burnout

21 de julho de 2020 Gratular

Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional (SEP)

Em 1986, a psicóloga Christina Maslach referiu que o burnout é descrito como uma síndrome multidimensional constituída por exaustão emocional, desumanização (cinismo) e reduzida realização pessoal no trabalho.É uma resposta prolongada e intensa aos estresses emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. A síndrome tem alta prevalência em bancários, profissionais da saúde, professores, estudantes de pós-graduação e delegados.

A prevalência de Burnout na população brasileira é 2,42%, 33% estavam em situação preocupante, 4%: alto grau de estresse e com risco de desenvolver a síndrome.

A síndrome é presente tanto nas profissões com demanda de esforço mental quanto de esforço físico; parte dos portadores ocupa cargo de maior responsabilidade (pressão por metas e falta de compartilhamento de responsabilidade). Está presente também em trabalhadores com demanda física, que trabalham com repetição, pressão, cargas horárias extenuantes e alto esforço físico: profissões menos especializadas.

  • Características das três dimensões do SEP/Burnout
  • Exaustão emocional: tensão básica com sensações de sobre-esforço e de não poder dar mais de si em termos afetivos – fadiga emocional, decorrente das inúmeras interações que o trabalhador deve manter entre clientes e colegas de trabalho, esgotamento de energia e recursos emocionais, devido ao contato intenso e constante com os problemas de outras pessoas.
  • Despersonalização ou cinismo: refere-se ao contexto interpessoal no qual se desenvolve o trabalho; supõe o desenvolvimento de atitudes distanciadas afetivamente frente as pessoas a quem se presta serviço; ausência de sensibilidade – endurecimento afetivo, com distanciamento frente às pessoas, silêncio, uso de atitudes depreciativas, na tentativa de culpar os usuários pela sua própria frustração.
  • Baixa realização pessoal ou ineficácia: representa a avaliação que o indivíduo tem de seus desempenhos ocupacional e pessoal, e é refletida por perda de confiança na realização própria, com a presença de auto-conceito negativo. Há redução significativa dos sentimentos de competência relacionados à auto-valorização, cujo objeto são as pessoas.

       Os fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome são:

  • Falta de apoio no trabalho;
  • Má relação interpessoal;
  • Assédio moral;

    A SEP é pouco diagnosticada, embora seja bastante comum. Após o diagnóstico, os pacientes se sentem mais aliviados, pois podem ter melhora da qualidade de vida com o tratamento. O ponto crítico do tratamento é o afastamento profissional, pois para a maioria não é uma opção a ser considerada, já que pode significar perda de ambiente no concorrido mercado de trabalho.

As estratégias de enfrentamento incluem:

  • Medidas de promoção de saúde no local de trabalho têm papel significativo na prevenção da síndrome, além de intervenções na organização do trabalho, melhorias no ambiente profissional, na comunicação e no combate ao assédio moral.
  • Saber reconhecer os sintomas nas relações pessoais, no corpo e mente;
  • Tentar eliminar estressores possíveis e aceitar estressores inevitáveis;
  • Reinterpretar estressores inevitáveis
  • Reconhecer limites e respeitá-los
  • Tomar atitude ativa diante da vida
  • Concentrar-se na busca de soluções e não nas emoções geradas pelo evento estressor;
  • Assumir responsabilidade pela vida
  • Aprender a dizer NÃO
  • Utilizar apoio de colegas de trabalho
  • Lembrar que o evento ruim vai acabar um dia
  • Os efeitos neuroprotetores e antioxidantes dos antidepressivos são bem descritos e podem ter benefício na terapia farmacológica da SEP.
  • Para atenuar sintomas, é interessante rir, fantasiar, usar senso de humor, tirar férias mentais ainda que por breves momentos durante o dia, além de fazer atividade de relaxamento e atividade física.
Por Gisele Serpa, psiquiatra

 

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